Especialistas discutiram os impactos da mídia no processo eleitoral em seminário realizado na Câmara Foto: André Bueno / CMSP
As relações entre os meios de comunicação e o cenário político, ou seja, os impactos que a mídia pode causar no processo eleitoral são sempre motivo de reflexões, principalmente em ano de eleição. A Câmara Municipal de São Paulo, por iniciativa do vereador Floriano Pesaro (PSDB), promoveu nesta quinta-feira (28/8) o seminário “Mídia e política em tempo de eleições”, que discutiu o tema com especialistas.
Esse assunto é importante para refletirmos como os meios de comunicação podem contribuir para uma sociedade mais democrática e informada, ou, o quanto podem maquiar a realidade, comprometendo a nossa democracia, explicou a professora da USP (Universidade de São Paulo), jornalista e cientista política Kátia Saisi, autora do livro Campanhas presidenciais, mídia e eleições na América Latina: Brasil, Chile e Venezuela.
Kátia destacou que existe uma peculiaridade comum aos 20 países que compõem a América Latina no âmbito da disputa eleitoral. A ascensão de novas formas de comunicação, como rádios e tvs comunitárias, além das redes sociais, estão alterando o modo como se dá o debate político na atualidade, explicou.
Do ponto de vista do eleitor, o professor de jornalismo Carlos Sandano, da Universidade Mackenzie, considera que o grande desafio neste novo modelo é promover o diálogo, que segundo ele, inexiste. Nas mídias sociais as pessoas vivem em bolhas informativas. Por exemplo, quem é de um lado reafirma sua posição e não tem o contato com outras perspectivas. Isso é ruim para o processo democrático, porque não há diálogo, revelou.
O professor da Faculdade Cásper Líbero, Cláudio Novaes Pinto Coelho, alertou para o fato de que as campanhas políticas são cada vez mais influenciadas pelo marketing e a imagem do candidato passou a ser algo fundamental. A população tem que aprender a ter uma visão mais crítica sobre o processo para que possa fazer uma distinção sobre a imagem do candidato e aquilo que ele realmente é, ou seja, cobrar para que ele corresponda à imagem que lhe foi passada, argumentou.
Nosso debate hoje não tratou o atual cenário, até por uma questão de legislação eleitoral, mas sim os processos eleitorais anteriores, para que possam nos servir, em especial do ponto de vista das mídias e do marketing político, de base de análises, finalizou Pesaro.
(28/08/2014 18h22)