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Seminário expõe riscos do uso de narguilé para jovens

Por: - DA REDAÇÃO

3 de julho de 2017 - 20:59

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A preocupação da condutora escolar Gislaine Sávia, moradora da Cidade Tiradentes, na periferia da zona leste de São Paulo, é parecida com a de muitas mães. O filho Erick, de 16 anos, começou a fumar narguilé escondido, com os amigos, há cerca de um ano e não parou mais. No começo, assim que descobriu, tomou um susto e ficou sem saber como agir. Hoje, embora conheça os riscos envolvidos, espera que seja apenas uma fase. Ela aposta no diálogo para fazer o adolescente mudar de ideia por vontade própria.

“Quanto mais você proíbe, pior fica. Mas se você libera, diminui a sensação de desafio aos pais, que é tão comum nos jovens. Agora ao menos eu sei quando e como ele usa, e conversamos sobre isso. A minha maior preocupação é que hoje eu vejo que quase todos os adolescentes fumam narguilé. E a maioria, inclusive os pais, não conhece ou ignora os danos que isso pode causar”, disse.

André Bueno/CMSP

Gislaine Sávia demonstrou preocupação

Gi, como é conhecida, foi uma das convidadas do Seminário Narguilé e a Saúde da Nossa Juventude, realizado nesta segunda-feira (3/7) na Câmara Municipal. O caso dela reflete um receio da própria Organização Mundial da Saúde. De acordo com a OMS, uma sessão de narguilé, com duração de até 80 minutos, pode corresponder à fumaça de até 100 cigarros.

O pneumologista do Incor (Instituto do Coração), Ubiratan de Paula Santos, endossa a preocupação de pais e órgãos de saúde. Autor de um estudo sobre o impacto do narguilé no organismo de jovens adultos, ele alerta sobre a potência da fumaça gerada por esse tipo de cachimbo, especialmente para os mais novos.

“A fumaça do narguilé é pior que a do cigarro. Em geral os malefícios são muito parecidos: câncer de pulmão, câncer de esôfago, enfisema e doenças cardiovasculares como infarto e AVC. E quanto mais cedo começa a fumar, mais chances de apresentar essas doenças”, alertou.

Como o narguilé é um cachimbo geralmente de uso compartilhado, o médico também aponta para o risco de males como herpes e hepatite A, entre outras infecções.

O seminário desta segunda-feira teve a iniciativa de quatro vereadores: Alessandro Guedes (PT), Alfredinho (PT), Gilberto Nascimento (PSC) e Rinaldi Digilio (PRB). Todos assinam o Projeto de Lei (PL) 41/2017, que prevê a proibição da venda a menores de 18 anos. A matéria foi aprovada em primeira votação no dia 7 de junho.

Para Guedes, o evento é importante não só para divulgar informações, como para agregar sugestões de pais e profissionais da saúde ao texto, que ainda vai para segunda votação na Casa.

“Isso virou uma praga que a nossa juventude ainda desconhece. O objetivo principal é gerar consciência [sobre os riscos à saúde]. Fizemos material de divulgação do nosso Projeto, para distribuir nas escolas, principalmente na periferia. E essas pessoas podem contribuir com ideias e quem sabe criar um [PL] substitutivo que seja ainda mais completo”.

 O vereador Alfredinho reiterou a necessidade de sanção do projeto, como medida preventiva urgente.

“Claro que o adulto sabe bem o que faz. Mas não é o caso dos menores, que acabam entrando no ‘embalo’ dos amigos e até experimentando outras drogas. Sei que é uma matéria polêmica e alguns são contrários. Mas estamos preocupados com a saúde da juventude. Espero que o projeto seja sancionado e que de fato haja fiscalização”, justificou.

Na mesma linha, o vereador Rinaldi Digilio lembrou que o projeto estabelece uma fiscalização clara e objetiva para barrar definitivamente o acesso dos menores de idade ao narguilé.

“O Executivo deverá fazer essa fiscalização, com alguns requisitos. Entre eles a exigência de mostrar o documento de identidade e a instalação de placas que informem claramente a proibição. É um perigo extremo para a nossa juventude, e esse Projeto de Lei vem realmente colaborar com o Ministério da Saúde e com a saúde pública de uma forma geral”, avaliou.

Assim como Digilio, o vereador Gilberto Nascimento ressaltou que o PL precisa virar Lei, porque o uso do narguilé, além de cada vez mais comum, está se tornando ainda mais perigoso.

“Hoje nós temos fotos, vídeos e dados sobre jovens que não usam apenas água no cachimbo, mas bebidas alcóolicas e até outras drogas.  E isso está acabando com a nossa juventude. A ideia é pensar não só agora, mas especialmente nas próximas gerações”, disse.

De acordo com o Projeto, o descumprimento da regra vai penalizar o comerciante com leis previstas no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e no Código de Defesa do Consumidor.

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