Divulgação Dezenas de usuários do Serviço Atende+ (Transporte gratuito para pessoas com deficiência física severa, autismo e surdocegueira) se reuniram na manhã deste sábado (21/10) com representantes do Executivo, Legislativo e da Defensoria Pública, na Câmara Municipal de São Paulo, para debater em Audiência Pública a situação dos serviços prestados. A discussão atende requerimento do vereador e presidente da Comissão de Trânsito, Transporte e Atividade Econômica, Senival Moura (PT).
Uma das usuárias do serviço, Aline Saraiva, que é autista e mãe da Angelina Saraiva, 12 anos, que também é autista, tem TDAH e Síndrome de Tourette, e utilizam toda semana o transporte ofertado pela Prefeitura e reclamou da falta de preparo dos motoristas em lidar com autistas e do regulamento do Atende+. “Segundo o regulamento, se a gente fizer muitos cancelamentos podemos perder o serviço de transporte e com isso temos que iniciar o processo de solicitação novamente o que pode demorar até três meses”, reclamou.
A logística do serviço também foi colocada em discussão pela coordenadora da Associação Paulista de Distrofia Muscular, Luciana Trindade. Ela se queixou dos trajetos oferecidos para as viagens, que, segundo Luciana, são feitos por inteligência artificial e permite que alguns usuários passem horas dentro dos veículos. “Tem gente sai de casa às 5h da manhã para ir para um tratamento às 10h. Muitos usuários não conseguem ficar tanto tempo sentado seja cadeirante ou autista. A logística precisa ser feita por um ser humano porque as especificidades de cada um precisam ser respeitadas”, destacou Trindade, que ainda questionou a falta de ampliação e o orçamento destinado ao Serviço Atende.
Representando a Defensoria Pública, Renata Tibyriçá disse que a entidade recebe muitas reclamações do tempo que os usuários do Serviço Atende+ passam dentro dos veículos e do atendimento para as viagens eventuais (viagens que são solicitadas para atender alguma demanda especifica como idas ao médico).
“Ingressamos com ações individuais na Defensoria Pública para resolver esses problemas. Se o usuário tem uma consulta eventual, que normalmente são avisadas com pouco tempo e se eles não tiverem o transporte imediato podem perder a consulta. Como esse processo é muito rápido é difícil garantir uma medida judicial com a velocidade necessária. Por isso é importante que se discuta o tema em Audiência Pública para que de uma vez por todas essas questões sejam resolvidas e que as pessoas não tenham que acessar órgãos de defesa para ter garantido o acesso à saúde, transporte entre outros”, explicou a defensora pública.
Respondendo aos questionamentos sobre a logística, o gerente de mobilidade especial da SPTrans (São Paulo Transportes S/A), José Carlos Biagioni, disse que os usuários podem fazer apontamentos que serão analisados e ainda negou que a logística seja feita por inteligência artificial. “Nós temos 30 técnicos que fazem a programação e um software que faz a roteirização, mas a análise final fica com a equipe técnica”, esclareceu.
Já o diretor de operações da SPTrans, Wagner Chagas Alves, contou que nos últimos anos houve um aumento de 356% na demanda para uma frota de 540 veículos que mensalmente realiza cerca de 16.500 atendimentos por mês. Ele anunciou a revisão da quantidade de passageiro por transporte e a entrega de 139 veículos que deverão entrar em uso a partir de janeiro do ano que vem. “Esses veículos darão uma grande ajuda na execução do Atende+ na cidade de São Paulo”, contou o diretor, que ainda afirmou que existe um estudo para realização de atendimento específico para transporte de autistas.
Para a secretária-adjunta da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, Dika Vidal, a realização de Audiência Pública para discutir as demandas da população junto com a própria população enriquece a construção das políticas públicas. “Sempre dizemos ‘Nada sobre nós sem nós’. Nada como o próprio usuários para pontuar possíveis melhorias e ações importantes que podem mudar as políticas públicas da cidade” destacou.
O presidente da Comissão de Trânsito e autor do requerimento que solicitou a discussão, vereador Senival Moura, também destacou a importância da realização de Audiência Pública para debater questões relevantes com a comunidade. “Sempre é importante realizar Audiências Públicas. Hoje, por exemplo, tivemos resultados de audiências anteriores o que tornou essa discussão muito proveitosa”, disse.
Também participaram da discussão os vereadores Dr. Adriano Santos (PSB) e Rodolfo Despachante (PP).
Confira a íntegra da Audiência Pública da Comissão de Trânsito:
Sobre o Atende+
O Serviço de Atendimento Especial é uma modalidade de transporte gratuito, porta a porta, destinado às pessoas com autismo, surdocegueira ou deficiência física severa. Horário do serviço: das 7h às 20h, de segunda-feira a domingo, exceto aos feriados.
Mais informações ligue para 156 ou acesse: www.sptrans.com.br/atende/
