Nesta quinta-feira (16/7), a Comissão de Saúde, Promoção Social, Trabalho e Mulher discutiu, em Audiência Pública, a situação dos trabalhadores do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) no enfrentamento à Covid-19, já que também são profissionais que estão expostos ao contágio pelo coronavírus nos atendimentos médicos que realizam.
Presente à audiência, a representante do SINDSEP (Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo), Lourdes Estevão, disse que a reorganização do SAMU, feita no ano passado pela Prefeitura, não melhorou o atendimento do serviço e que, agora na pandemia, recebe relatos de que está faltando o básico.
“Muitos trabalhadores estão trabalhando de tênis, outros com a bota furada. A maioria das ambulâncias não tem gel, em plena pandemia”, descreveu Lourdes. Ainda segundo ela, não há uniformes suficientes para que os profissionais façam a troca ao longo do dia, nem aventais próprios para atendimento de pessoas com suspeitas de Covid-19. “Estamos num tempo em que as roupas deveriam ser trocadas. Também não tem lugar para fazer a higiene das ambulâncias”, declarou.
Para o vereador Celso Giannazi (PSOL), que presidiu a audiência, as condições de trabalho dos profissionais do SAMU merecem mais atenção da Secretaria Municipal de Saúde, já que, além da exposição, a falta de equipamentos também coloca em risco a saúde da população. “Os trabalhadores receberam um protocolo que pede a troca de uniforme a cada atendimento, mas não receberam os uniformes para que façam a troca e possam dar mais segurança não só aos profissionais, mas também aos atendidos”, argumentou Giannazi.
Também presente no debate, a vereadora Juliana Cardoso (PT) disse que as mudanças feitas no SAMU, ultimamente, são implantadas sem diálogo com os trabalhadores. “Como não se dialoga com o profissional que vai resgatar uma vida? Salvar uma vida?”, questionou a parlamentar. Para ela, é preciso oferecer condições mínimas de trabalho a esses servidores.
Providências para o SAMU
De acordo com a coordenadora do SAMU, Maísa Ferreira dos Santos, algumas medidas estão sendo tomadas para oferecer equipamentos de qualidade aos profissionais nesta época de pandemia, como a compra de mais uniformes com tecidos adequados. A aquisição de botas, segundo a coordenadora, já foi concluída e deverá ser entregue no mês de agosto.
Sobre o fornecimento de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), Maísa informou que passaram por um momento difícil no início da pandemia, por conta do desabastecimento mundial, mas que já conseguiram equalizar o fornecimento. “Montamos um kit onde o profissional deve estar usando a toca, a máscara, os óculos, face shield [protetor facial], e o avental”, descreveu.
A coordenadora também afirmou que o SAMU nunca teve um lugar específico para a desinfecção das ambulâncias. Por isso, o processo continua sendo realizado como sempre foi: no pátio do hospital onde estiver a ambulância, após cada atendimento. Mas, na avaliação dela, é preciso um novo plano.
“É um projeto que deve ser pensado diante da nova realidade para que tenha isso em cada região”, disse ela sobre um espaço específico para a higienização. “Não é algo simples de se fazer porque são muitas bases em cada região. É preciso desenvolver toda uma logística para que isso aconteça sem prejudicar o atendimento”, explicou Maísa.
Sobre os relatos de algumas bases com faltas de equipamentos, a coordenadora afirmou que visitas serão realizadas para averiguar a situação.
O vereador Gilberto Natalini (PV) também participou do debate.