RenattodSousa/CMSP
Os desafios e as conquistas dos negros no Brasil foram discutidos nesta quinta-feira na Câmara Municipal de São Paulo durante um Simpósio Contra a Discriminação Racial. O evento foi promovido pelos vereadores Floriano Pesaro (PSDB) e Orlando Silva (PCdoB).
Durante o simpósio, Marco Antônio Zito de Alvarenga, presidente do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra, destacou as principais conquistas dos negros no Brasil. A Lei Afonso Arinos, da década de 50, foi o marco inicial das mudanças, e após essa legislação vieram outras muito importantes, como a questão das cotas raciais em universidades. No entanto, não adianta existir lei ou qualquer outra coisa se não tivermos educação, sinalizou.
Para Maurício Pestana, diretor executivo da Revista Raça Brasil, a obrigatoriedade do ensino da história da África nos colégios é fundamental no processo para acabar com o preconceito na sociedade. Antes não tínhamos nenhuma diretriz nas escolas sobre a forma como a África era abordada nas instituições, agora isso existe. No entanto, essa legislação ainda precisa ser melhor fiscalizada para saber se todos os colégios estão cumprindo, disse.
O chefe da representação regional da Fundação Cultural Palmares, Nuno Coelho, participou do simpósio e destacou, além das cotas raciais e da Lei Afonso Arinos, a importância do Estatuto de Igualdade Racial. Foram três grandes conquistas com essas legislações e isso coloca o Brasil como referência em política de igualdade racial no mundo. Mostra que estamos no caminho certo, mas temos muito que avançar ainda para acabar com esse preconceito na sociedade, afirmou.
O vereador Orlando Silva ainda lembrou que o simpósio estava sendo realizado em uma data muito importante – Dia Internacional Contra a Discriminação Racial. O dia mostra a luta para superar o preconceito que ainda existe na sociedade. É muito triste perceber que no século 21 ainda existem atitudes assim, disse.
Floriano Pesaro falou sobre a miscigenação no Brasil e sobre os direitos humanos. Sabemos que os negros, principalmente os jovens, são perseguidos mais que os brancos. Não podemos permitir que esse tipo de situação ocorra nos dias de hoje. Precisamos reafirmar as condições de igualdade e o princípio da equidade, previsto nos direitos humanos, declarou.
A primeira vereadora negra de São Paulo, Teodosina Ribeiro, também participou das discussões e falou sobre a época em que foi eleita. “Faz quarenta anos que trabalhei no Legislativo. À época, a comunidade negra não discutia política, mas meu pai era militar e tinha consciência da necessidade desse debate, e estimulava isso na nossa comunidade para acabar com a discriminação”, relembrou Teodosina. Ela foi a segunda vereadora mais votada em 1968, ficando atrás apenas de Freitas Nobre.
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A partir da esquerda: Teodosina Ribeiro, primeira vereadora negra eleita em São Paulo, os vereadores Floriano Pesaro e Orlando Silva, e Maura Paz, da Coordenação de Políticas Públicas para a População Negra e Indígena |
(21/03/2013 20h18)