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Sindicato diz que Neschling proibiu músicos contratados de trabalhar

5 de outubro de 2016 - 16:30

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DA REDAÇAO

Representantes do Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado de São Paulo revelaram nesta quarta-feira (5/10) que o ex-diretor artístico do Theatro Municipal John Neschling proibiu alguns músicos de trabalharem mesmo estando contratados.  O assédio moral do maestro aos artistas foi um dos problemas sinalizados pelos convidados da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) instalada na Câmara Municipal de São Paulo para investigar irregularidade na gestão da instituição.

“O maestro [Neschling] demitiu 15 músicos sem apresentar nenhuma justificativa, mas sabemos que isso foi uma retaliação por eles fazerem parte do sindicato, serem gordos, estarem para aposentar ou terem algum tipo de deficiência. Neschling discriminava todo mundo”, contou o assessor da presidência do sindicato, Grimaldi Santiago. Para resolver a situação, a categoria recorreu ao Ministério do Trabalho e o Instituto Brasileiro de Gestão Cultural – organização social responsável pela gestão da Fundação Theatro e contratação dos artistas – foi obrigado a recontratar parte dos profissionais. O salário dos músicos do Theatro é de pouco mais de R$ 12 mil.

A readmissão desses artistas, disse Santiago, não agradou Neschling. “Ele montou o Coro Livre da Cidade para que eles ficassem fazendo esse trabalho e quando o contrato do coro acabou os coristas deveriam retomar aos seus cargos iniciais. No entanto, o maestro não quis e ordenou que eles ficassem em casa, mesmo estando contratados”, disse.

O sindicato, sinalizou Santiago, fez várias ações para que Neschling deixasse o cargo. “Os artistas dependiam do humor do maestro. Muitos músicos precisavam usar tranquilizantes para trabalhar com ele. Notificamos o Herência [José Luiz Herência, o ex-diretor da Fundação Theatro Municipal] e fizemos protestos em frente ao Theatro”, argumentou.

O presidente do Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado de São Paulo, Adelmo Barbosa Ribeiro, pediu melhorias para os trabalhadores. “Recebemos muitas denúncias na gestão de Neschling, de que até ser reverenciado ele queria. Por sermos músicos eruditos temos poucos postos de trabalhos e tínhamos que nos sujeitar a essas situações. Queremos fazer valer os direitos dos trabalhadores, porque estamos vindo de um abandono,  e vamos continuar brigando pela categoria”, explicou.

A necessidade de continuar os trabalhos da CPI fez com que os vereadores aprovassem a prorrogação das atividades para mais 15 dias. O objetivo do colegiado é realizar uma acareação entre Neschling, sua esposa, Patricia, o ex-diretor da Fundação Theatro Municipal José Luiz Herência, o ex-diretor do Instituto Brasileiro de Gestão Cultural, William Nacked, o secretário de Comunicação da prefeitura, Nunzio Briguglio Filho, e o proprietário da Olhar Imaginário, Toni Venturi,  empresa que produziu peças audiovisuais para o Theatro Municipal. Apesar da aprovação, a prorrogação ainda necessita da assinatura de 1/3 dos vereadores (19 votos).

“Algumas pessoas ainda precisam vir esclarecer alguns fatos. Ainda temos dúvidas, principalmente em relação ao depoimento da Patrícia, que veio aqui e exerceu seu direito de permanecer em silêncio. Para elaborar o relatório dos nossos trabalhos é fundamental ouvir essas pessoas para entender o tamanho do prejuízo que o Theatro deu para a cidade”, disse o presidente da CPI, vereador Quito Formiga (PSDB).

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