A situação do Consórcio Circuito das Compras, nas regiões do Brás, Bom Retiro, Santa Ifigênia e rua 25 de Março, foi tema do depoimento dado pelo empresário Paulo Zhu Xiao Yang à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pirataria, em reunião extraordinária realizada nesta quarta-feira (7/12).
Paulo Zhu, como é conhecido, é proprietário da Tuddu Investimentos e Participações LTDA. e possui cerca de 15% de participação na Talismã Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia que, junto com a Mais Invest Empreendimentos e Incorporações S/A, obteve a concessão por 35 anos da obra pública para a implantação, operação, manutenção e exploração econômica do Circuito das Compras.
Em seu depoimento, o empresário foi questionado principalmente sobre a atual situação do Circuito das Compras. Ele afirmou que o complexo tem capacidade para cerca de 1.200 lojas e 4.000 boxes. Desses, de 70% a 75% têm contrato assinado com o consórcio, mas não necessariamente estão em operação. Segundo Zhu, atualmente há 600 lojas alugadas e 600 lojas vazias. Em relação aos boxes, entre 1.700 e 1.800 estão funcionando – o restante está fechado.
Ele também analisou as possíveis razões dessa situação. “Vou falar pelo meu lado investidor. Como investimento, não foi um bom investimento, hoje não está sendo. Espero vir a melhorar, porque a vacância do shopping está muito alta. E eu acho que a vacância se dá por ‘n’ razões, seja o cenário econômico do Brasil no momento, e eu considero a concorrência da rua totalmente desleal com o shopping”, avaliou Zhu.
O empresário ainda foi confrontado pelos vereadores sobre uma obra supostamente irregular de ampliação realizada no boulevard do complexo, que criou 200 novas lojas e foi batizada de “Feira da Madrugada”. “Eu não participei da construção”, disse Zhu, acrescentando também não ter nenhuma loja no boulevard. Ele afirmou ter somente duas lojas, localizadas no interior do Circuito das Compras.
“Eles agora fizeram questão, um ano atrás, numa entrada pela Monsenhor Andrade, de fazer 200 lojas que eles chamam de Boulevard da Feira da Madrugada, que não tem nem planta, não tem alvará, não tem licenciamento e ali passam, por dia, mais de 20 mil pessoas. Na parte de baixo está tendo mais circulação do que dentro do shopping”, comentou o vice-presidente da CPI da Pirataria, vereador Adilson Amadeu (UNIÃO).
“O circuito das compras eu acho que fracassou. Eu acho que, no desespero que eles estão, estão agora tentando partir do lado legal para o ilegal. A gente sente isso, o desespero. Eles esperavam alugar 4.000 boxes e 1.200 lojas em 24 horas, isso em 2016, e não deu certo”, completou o presidente da CPI da Pirataria, vereador Camilo Cristófaro (AVANTE).
Após o depoimento de Paulo Zhu, os vereadores abriram espaço para que Rivaldo Santana apresentasse denúncias de irregularidades e comercialização de produtos ilegais em cinco shoppings na região central da capital.
Requerimentos
Além do depoimento, os vereadores aprovaram dois requerimentos. O primeiro é uma intimação para que o CEO da Centuria Investimentos, Rubens Zogbi Filho, deponha na CPI. O segundo é um convite para que diversas pessoas ligadas ao Consórcio de Compras prestem esclarecimentos na próxima reunião da Comissão.
A reunião foi conduzida pelo presidente da CPI da Pirataria, vereador Camilo Cristófaro (AVANTE). Também participaram o vice-presidente da Comissão, vereador Adilson Amadeu (UNIÃO), e os vereadores Gilson Barreto (PSDB), Isac Félix (PL) e Rodrigo Goulart (PSD). A íntegra dos trabalhos está disponível no vídeo abaixo:
A CPI da Pirataria
A CPI da Pirataria tem como objetivo analisar e investigar a evasão fiscal, a sonegação, a pirataria e a falsificação na cidade de São Paulo. Além de fiscalizar a comercialização de produtos piratas na capital paulista, a Comissão também vai investigar empresas por suposta evasão fiscal.