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Um comentário

Daniel Ferreira

E muito importante que tenhamos políticas de inclusão para estrangeiros, no mínimo humanitárias. Que processos de documentação ou adaptação demorem um pouco pode-se entender mas seres humanos sejam explorados, escravizados não.
As igrejas podem desempenhar o importante papel de acolhê-los até que se incluam, ajudando as instituições governamentais.

Contribuições encerradas.

Situação dos refugiados no mercado de trabalho é discutida na Câmara

Por: DOUGLAS MATOS - DA REDAÇÃO

17 de agosto de 2017 - 21:23

André Bueno/CMSP

Encontro compartilhou um pouco da experiência dos refugiados no Brasil

Steve Kikudi está em São Paulo há pouco tempo. Chegou em 2014. Com apenas 16 anos de idade ele foi obrigado a fugir às pressas da República Democrática do Congo após sofrer perseguição política por causa de seu pai, um ex-deputado acusado de liderar manifestações contra o governo.

André Bueno/CMSP

Steve Kikudi

Hoje, aos 19, ele estuda Direito e pretende se tornar advogado no Brasil, mas seu caminho por aqui também não foi fácil. Nada que se compare às ameaças de morte que sofreu em seu país de origem. No entanto, na condição de refugiado e negro, sem falar uma palavra em português, Steve contou que sentiu na pele a hostilidade e o racismo.

“Quando cheguei fiquei em um abrigo porque não tinha família, ninguém para me receber. Quando morei lá [no abrigo], fui xingado, ofendido de uma forma agressiva e violenta”, contou.

Steve foi um dos convidados de um encontro realizado nesta quinta-feira 17/8, na Câmara Municipal de São Paulo, para compartilhar um pouco da sua experiência como imigrante.

De acordo com a coordenadora-geral do evento, Mari Garbelini, o objetivo foi utilizar a Câmara Municipal para conscientizar e mobilizar as pessoas sobre a causa do refúgio.

“Esse encontro é importante para contribuir com a divulgação de um trabalho. Acabar com preconceitos e estereótipos que só dificultam a integração deles aqui. Queremos passar essa mensagem para que cada vez mais pessoas se interessem pelo tema”, disse.

Mari é integrante da ONG Abraço Cultural e está à frente de um projeto pioneiro em São Paulo, que recebe e capacita refugiados como professores de idioma e cultura. “A integração no mercado é uma das maiores dificuldades para quem chega e não fala a língua ou não tem diploma validado. Então a gente aproveita aquilo que eles sabem fazer de melhor, que é ensinar a língua e a cultura, inserindo esses profissionais no mercado de trabalho e gerando renda”.

A entidade, que atua no Rio de Janeiro e em São Paulo, existe há dois anos e já capacitou 70 refugiados a ensinarem árabe, espanhol, francês e inglês.

Números e Leis

De acordo com os números oficiais, o Brasil tem atualmente cerca de 10 mil estrangeiros na condição de refugiados. Só na capital paulista, são mais de 3 mil.

A Lei Federal da Migração foi sancionada em maio. Já a cidade de São Paulo comemorou, no mês passado, o primeiro aniversário da Lei 16.478, criada para dar amparo legal a imigrantes no Município.

Para o especialista em Direito Internacional Daniel Bertolucci Torres, pesquisador na área de Direitos Humanos dos Refugiados, o País está superando um dos maiores entraves para a implantação de políticas para refugiados.

“A Lei de imigração vai mudar o paradigma dos imigrantes, que até então estavam sob o amparo de uma Lei antiga e retrógrada, que era inclusive questionável do ponto de vista constitucional. Agora a legislação já contempla um viés de direitos humanos que vai favorecer o auxílio aos estrangeiros no Brasil. Mecanismos legais que deixam de criminalizar os refugiados. Então, penso que o panorama é positivo”.

O encontro “Do Refúgio ao Abrigo”, realizado na Sala Sérgio Vieira de Mello, teve o apoio do vereador Caio Miranda (PSB).

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