Solenidade na Câmara abre semana de prevenção ao uso de drogas

Sessão solene em comemoração ao Dia Internacional da Luta contra o Uso e o Tráfico de Drogas
Fotos: André Bueno / CMSP

Em comemoração ao Dia Internacional da Luta contra o Uso e o Tráfico de Drogas – temática instituída pela ONU (Organização das Nações Unidas) para ser lembrada sempre em 26 de junho – e para marcar o início da semana de prevenção as drogas, a Câmara Municipal de São Paulo, por iniciativa do vereador Jean Madeira (PRB), realizou sessão solene na tarde deste sábado (18/6).

Grupos que realizam ações sociais na Cracolândia (região central da capital, conhecida pelo agrupamento de diversos usuários de drogas), escolas, empresas, casas de recuperação, centros terapêuticos e todos aqueles que trabalham em prol da prevenção foram homenageados no auditório Prestes Maia.

Vereador Jean Madeira (PRB)

O vereador entende que a prevenção é uma das principais ferramentas de combate as drogas e lembrou que durante esta semana diversas ações preventivas serão realizadas tanto na Câmara quanto em outros órgãos públicos e em pontos onde o consumo de drogas é sabidamente existente.

“Agora, no decorrer da semana, nós utilizaremos o parlamento exatamente para isso, para discutir sobre a Secretaria de Prevenção as Drogas, ações que poderão ser realizadas dentro dos órgãos públicos, porque quando nós falamos de drogas, estamos falando de algo que tem urgência, a nossa juventude está se perdendo e muitas crianças estão crescendo, se não fizermos o trabalho que a vovó nos ensinou, que é melhor prevenir do que remediar, essas crianças serão vitimadas”, afirmou Jean Madeira.

A Liga da Prevenção realiza um trabalho recente, que iniciou há dois anos, mas para o diretor da organização, José Florentino dos Santos Filho, os frutos já estão sendo colhidos, além disso, ele acredita que a eficácia do método pode evitar o mal maior.

“É uma forma muito tranquila de poder demonstrar a todos que ainda não perceberam a necessidade de prevenção, a falta que isso faz. Quando a gente fala muito de tratamento significa que a prevenção, aquela que deveria chegar primeiro, ainda não chegou”, disse.

Gilberto Tadeu de Freitas, professor de judô do Instituto Renovar

Gilberto Tadeu de Freitas, professor de judô do Instituto Renovar e diretor da Secretaria de Relações Institucionais de Mairiporã, foi um dos homenageados durante a sessão. Ele, que está à frente de um projeto que busca resgatar cerca de 30 jovens através do judô, conta que a faixa etária de cada um pode determinar a abordagem.

“Tem pessoas de 20 a 30 anos que a gente tem mais liberdade para fazer o trabalho do esporte mesmo, e aqueles de 40 a 50 anos que buscam apenas o condicionamento físico, mas sempre temos muito cuidado por conta das sequelas da rua e do uso de entorpecentes”, explicou.

Madeira é autor de alguns projetos na Casa voltados a ações de combate ao uso de drogas, como o Projeto de Lei (PL) 10/2014, que cria o Prêmio Juventude Contra o Crack, o PL 39/2013, que institui a Semana da Prevenção ao Crack e outras Drogas, e o PL 262/2013, que autoriza a prefeitura a criar a Secretaria de Prevenção na capital.

Histórias de superação

Muitos dos que participaram da sessão solene deste sábado são ex-usuários de drogas que hoje atuam no resgate das pessoas que ainda estão sofrendo com o vício e suas decorrências. As histórias são diferentes, mas as consequências são quase sempre as mesmas.

Éderson Lissone

Éderson Lissone, 33 anos, está livre do vício há apenas um ano e conta que foi a perda do seu pai, aos 18 anos, que marcou o início de sua história com as drogas, um interminável período no qual acumulou problemas.

“Eu cresci sem minha mãe, num ambiente pobre de periferia. Eu só tinha meu pai na minha vida, e quando eu perdi meu pai, perdi tudo, e fui querer tampar aquele vazio com a droga, aí tem o álcool, a criminalidade, eu fui preso e durante esse tempo você vai tendo várias recaídas, eu tive altos e baixos, só que os tombos são cada vez maiores, até você pensar que não tem mais jeito”, disse.

Diferente de Éderson, Amauri Figueredo, que coordena o programa Juventude contra o Crack está livre do vício há 20 anos. Ele conta que durante esse tempo, além de escapar da morte, perdeu tudo o que considera mais valoroso na vida.

“Eu comecei com onze anos por curiosidade e fui experimentando drogas mais pesadas até me tornar um traficante para manter o meu vício. Perdi família, casa, vida, trouxe sofrimento para minha família, enfim, foi uma destruição total”, contou emocionado.