RenattodSousa / CMSP
A grande rede de rios e represas de São Paulo favorece o transporte pela água
KÁTIA KAZEDANI
A possibilidade de os paulistanos terem mais uma opção de transporte é algo que faz parte dos planos da prefeitura e da Câmara Municipal. Em maio deste ano, os parlamentares aprovaram uma proposta apresentada pelo vereador Ricardo Nunes (PMDB) que prevê a criação de um sistema de transporte hidroviário no município, e a medida foi sancionada em junho pelo prefeito Fernando Haddad. Condições para isso não faltam, explica o pesquisador Alexandre Delijaicov, coordenador do Grupo Metrópole Fluvial, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
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De acordo com o especialista, os canais dos rios Pinheiro e Tietê e os lagos artificiais Guarapiranga e Billings são navegáveis, e o fato de não necessitarem de obras complexas seria um ponto favorável. O projeto é um salto significativo para a cidade. E em São Paulo as embarcações poderiam começar a funcionar imediatamente, mesmo porque a Guarapiranga e a Billings estão prontas. Seria necessário apenas um píer, que é algo simples para se fazer, disse.
O vereador Ricardo Nunes também está otimista em relação à implementação de seu projeto. O transporte hidroviário não requer muito investimento e é algo que interessa também à iniciativa privada, por causa da demanda da população. Acredito que no primeiro semestre do próximo ano já teremos embarcações funcionando, afirmou. Ele ainda explicou o que o motivou a apresentar essa proposta. Foi uma junção de ideias, porque sei que algumas pessoas fazem o trajeto da ponta da represa Guarapiranga de barco e ganham tempo com isso. Outra inspiração são as experiências ao redor do mundo, onde os rios são utilizados para o transporte hidroviário, disse.
Bilhete Único
Para Delijaicov, é fundamental que o sistema a ser implantado proporcione integração entre todos os meios de transporte para melhorar a mobilidade urbana. Poderíamos utilizar os rios e ainda permitir a multimodalidade do transporte com o Bilhete Único, integrando barcos, bicicletas, ônibus, trem e metrô, sinalizou.
As hidrovias, acrescenta o professor, também ajudarão a melhorar a qualidade dos rios. Precisamos pensar em embarcações com motores elétricos e fechadas, para evitar que as pessoas joguem lixo para fora. O fato de termos isso funcionando fará com que exista manutenção das hidrovias e a qualidade das águas vai melhorar, do ponto de vista da poluição.
A proposta ganhou força também com a aprovação do PDE (Plano Diretor Estratégico), que orienta o crescimento da cidade pelos próximos 16 anos. Em um de seus artigos, está previsto o incentivo ao transporte hidroviário. É importante porque mostra uma preocupação do município em buscar alternativas para melhorar a mobilidade urbana, disse Delijaicov.
(30/07/2014 – 18h29)
RenattodSousa / CMSP