A Casa de Cultura do Butantã, na zona oeste da capital paulista, foi o local escolhido pela Subcomissão de Cultura da Câmara Municipal de São Paulo para realizar nesta quinta-feira (8/9) a quarta Audiência Pública do colegiado com objetivo de debater ações culturais em regiões periféricas da cidade. A Subcomissão é vinculada à Comissão de Finanças e Orçamento,
Com o tema “Um Panorama do Acesso às Políticas Culturais na Cidade: um Olhar para Território Oeste e Suas Periferias”, o colegiado recebeu representantes do Executivo e da sociedade civil. A audiência foi conduzida pela presidente da Subcomissão de Cultura, a vereadora Elaine do Quilombo Periférico (PSOL).
Elaine explicou que a proposta é percorrer todos os territórios da cidade neste ano para dar a oportunidade às pessoas participarem dos debates que envolvem a cultura local. Em relação à audiência desta quinta, a parlamentar disse que “a nossa ideia aqui, hoje, é conseguir discutir quais são as questões relativas às periferias que estão aqui no território oeste”.
Além da vereadora, também formaram a Mesa da audiência oito pessoas que moram no bairro. Entre os convidados estava Martha Delbuque Pimenta, da Rede Butantã. Ela fez um retrato da desigualdade da região, cobrou melhorias na mobilidade urbana para facilitar o acesso aos equipamentos culturais do local e pediu mais investimentos para o setor. “É importante a destinação de recursos para melhorar os espaços e criar equipamentos”, disse Martha, que também considera relevante disponibilizar praças e parques para atividades culturais”.
Olivia de Lucas é musicista. Ela ressaltou que o Butantã tem uma variedade de artistas, formados por grupos e coletivos, e lembrou da Constituição do Brasil para defender que todas as pessoas têm direito à cultura. “Aprender a cozinhar com a minha avó é uma questão cultural, aprender a trançar meu cabelo, as roupas que eu visto. Tudo isso abarca a questão cultural. A cultura tem que ser entendida dessa forma ampla, não só como evento, não só como espetáculo, não só como show”.
Do movimento Marcha das Mulheres Negras, Lydia Gama é moradora do bairro e destacou a importância que a cultura tem na vida dela. “Eu estava em uma escola de freira, e por uma aula de capoeira estou no movimento negro. Eu já viajei pelo Brasil por conta dos movimentos negros”. Lydia falou ainda que é fundamental levar a cultura para dentro das escolas. “Escola também é um ponto de cultura, a escola educa através da cultura”.
O rapper Mano Lyee também compôs a Mesa da Audiência Pública. “Butantã tem favela, sim. Butantã tem quebrada, sim. E Butantã tem cultura, sim”. Em outro momento da fala, o artista fez questionamentos ao Executivo municipal. “Por que não existe uma casa de hip-hop na zona oeste? Por que não existe uma fábrica de cultura na zona oeste?”.
A Subcomissão ainda permitiu a manifestação de moradores que foram até a Casa de Cultura Butantã para acompanhar o debate. Aproximadamente dez pessoas se inscreveram para falar. Antonio Nilton, do Fórum do Idoso, pediu o retorno de atividades na região. “O nosso grupo tinha ingresso para ir ao cinema, ao teatro. Nós tínhamos lanche e exposições todos os meses aqui. Tiraram tudo isso, inclusive os professores”.
Renato Custódio foi outro participante inscrito. Ele quer mais espaços para andar de skate. “Quero enfatizar que skate integra muitas culturas. Ele é visto como esporte, mas na nossa concepção é uma cultura e que integra a cultura urbana de rua”.
Por fim, representantes da Prefeitura de São Paulo foram convidados a compor a Mesa. Os servidores se colocaram à disposição da sociedade para esclarecer dúvidas e auxiliar nas demandas da população. Aurora Oliveira, coordenadora das Casas de Cultura, explicou que a Prefeitura tem buscado soluções para atender às reivindicações da população. “Temos uma previsão de R$ 2 milhões para executar até o final do ano nesse novo projeto de expandir para além das Casas, pensando em pontos específicos”, informou Aurora.
Ela falou ainda que a Secretaria Municipal de Cultura tem pensado em alternativas para desburocratizar o processo de contratações de artistas. Aurora também comentou sobre as solicitações de novos equipamentos culturais na região oeste. “A sociedade civil está exercendo o papel dela para cobrar e pensar junto possibilidades viáveis para concretizar. Estamos aqui para absorver a demanda e tentar pensar juntos em estratégias”, disse Aurora. “A primeira condição é a questão orçamentária, que precisamos batalhar em outras instâncias”.
Assista no vídeo abaixo a íntegra da Audiência Pública da Subcomissão de Cultura desta quinta-feira.