Vinculada à Comissão de Finanças e Orçamento, a Subcomissão de Juventude recebeu, nesta quarta-feira (29/3), representantes de diferentes secretarias municipais para discutir as ações das pastas voltadas à juventude da cidade de São Paulo.
Primeira a fazer uso da palavra, Lígia Jalantonio, supervisora de Formação Cultural da Secretaria Municipal de Cultura, abordou as principais atividades realizadas pelo setor, com destaque para o Programa Jovem Monitor Cultural. “O Programa Jovem Monitor Cultural é uma das políticas de maior transformação na juventude, porque os jovens entram no programa e passam por uma formação teórica e uma formação prática”, destacou.
“Na formação teórica, eles têm experiências com gestão cultural, produção cultural, sociologia, políticas públicas e, na formação prática, é a atuação no espaço de cultura, recebendo as pessoas, fazendo a parte da programação, da curadoria, fazendo a parte da comunicação do espaço. Então, quando ele termina o percurso formativo dele de dois anos, ele está apto para trabalhar em qualquer espaço cultural da cidade, seja ele público, privado, seja ele de uma entidade parceira e também em outras instituições”, acrescentou Lígia.
Na sequência, a coordenadora do Programa Jovem Monitor Cultural, Juliana Barbosa, detalhou como a iniciativa funciona. “O programa nasceu em 2009 e a capacidade de atendimento é preferencialmente para jovens advindos da periferia. Então, atingimos esse público e para isso, no processo de seleção, fazemos primeiro uma análise de perfil onde vemos a renda – os jovens que são de baixa renda tem uma pontuação maior -, jovens que são trans, jovens que são pretos, pardos, jovens indígenas, jovens mães, são jovens que têm uma bonificação também no edital de pontuação. E também jovens que têm só o Ensino Médio são mais contemplados, para que esse público, que é o mais vulnerável, tenha acesso à política pública”, explicou.
“Além disso, os jovens recebem auxílios: a bolsa auxílio de R$ 1.000 por mês, o auxílio transporte, o auxílio refeição e um auxílio atividade remota, para ajudar na manutenção da formação dele no programa”, completou Juliana, citando que o programa, atualmente, conta com 330 jovens monitores e monitoras atuando em diferentes equipamentos culturais da cidade de São Paulo.
Já Ramirez Augusto Lopes Tosta, coordenador de Juventude da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, falou sobre as iniciativas da pasta. “A Secretaria de Direitos Humanos tem um perfil intersecretarial, ela tem um perfil transversal. Então nós temos diálogos com várias faces e várias secretarias municipais. Inclusive temos um excelente diálogo aqui com a Câmara Municipal, que é fundamental para conseguirmos ter bons resultados do ponto de vista de impacto nas políticas de juventude do nosso município. Outro ponto importante a ser citado: dados e pesquisas científicas são o norte que desenvolvemos”, pontuou.
“De uma dessas pesquisas, inclusive, surgiu o dado de que, dentro da pandemia, 15% dos jovens da cidade de São Paulo estavam empreendendo por necessidade, ou seja, estavam fazendo a correria deles para sobreviver. Então, pensando nisso, o prefeito Ricardo Nunes e a gente se reuniu e criou um programa que está rodando hoje, que é o Meu Trampo, um programa que tem uma metodologia que vai às comunidades para ensinar para esses jovens sobre empreendedorismo, mas não dessa forma mística, no sentido de ‘quem tem dinheiro consegue fazer’. Não. O jovem barbeiro, a jovem trancista, a jovem que vende bolo, o jovem que vende bolo nas comunidades, ele pode ser potencializado. E por que não a gente auxiliar eles nesse caminho?”, salientou Tosta, elencando outras iniciativas semelhantes.
Por fim, Nilton Clécio da Silva Patrício, coordenador da ação Fundo Territórios Transformadores, alertou para a necessidade de ampliação das ações públicas voltadas à juventude, principalmente nas áreas mais periféricas do município. “Todos necessitam e todas as áreas precisam de investimento, mas as periferias precisam de muito mais. Então, a maior concentração de jovens, inclusive de 15 a 29 anos, estão nesses extremos, principalmente da zona leste e da zona sul. São 70% dos jovens vulneráveis nessas duas regiões”, ressaltou Patrício.
Os vereadores ainda abriram espaço para que a pesquisadora Agnes Roldan, representante do Movimento Lute com Elas, também fizesse considerações sobre o assunto. “Acredito que ainda estamos pensando muito para os jovens e não com jovens. E esse é um defeito muito grande quando pensamos em políticas públicas direcionadas, porque queremos entender o sistema geracional, o que está acontecendo, quais são as novas tendências. E, quando pensamos para e não com, nós também não permitimos que o outro fale, e essa ausência de escuta muitas das vezes que se faz presente na construção das políticas pública dentro do poder público é realmente uma problemática muito grande que vem sendo estendida ao longo dos anos, e nós reclamamos dos mesmos problemas, reclamamos dos dados, do que saem nas pesquisas, mas também não mudamos as atitudes das formas de abordagem”, ponderou.
Presidente da Subcomissão de Juventude, o vereador Isac Félix (PL) avaliou o debate. “Foi uma reunião muito esclarecedora, de onde nós tiramos algumas dúvidas do orçamento da cidade de São Paulo que é investido na juventude. E agora nós queremos saber o seguinte: quais são as instituições que executam esse serviço, esse trabalho, como está sendo realizado. Porque, quando você fala em juventude, o pessoal só pensa em esporte e cultura, mas tem muita coisa para se fazer, para realizar e incentivar os nossos jovens. Então, nós queremos fazer isso com o orçamento, nós queremos visitar as entidades que trabalham e recebem recursos do poder público, que dizem que realizam trabalhos com jovens, que tipo de trabalho estão sendo realizados? Nós vamos trabalhar em cima disso também”, argumentou Félix.
Requerimentos
Os membros da Subcomissão de Juventude também aprovaram dois requerimentos. O primeiro, de autoria do vereador Isac Félix, convida representantes das secretarias municipais de Esportes e Lazer, de Mobilidade e Transportes, da Saúde e do CEDESP (Centro de Desenvolvimento Social e Produtivo), vinculado à pasta de Assistência e Desenvolvimento Social, a acompanharem as reuniões e auxiliarem os trabalhos do colegiado.
O segundo requerimento, de autoria da vice-presidente da Subcomissão, vereadora Rute Costa (PSDB), convida o coordenador de Juventude da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, Ramirez Augusto Lopes Tosta, para participar do próximo encontro da Subcomissão.
A reunião desta quarta-feira foi conduzida pelo presidente da Subcomissão, vereador Isac Félix (PL). Também participaram a vice-presidente, vereadora Rute Costa (PSDB), e o relator, vereador Rinaldi Digilio (UNIÃO). A íntegra dos trabalhos pode ser conferida no vídeo abaixo: