A necessidade de reduzir a desigualdade em São Paulo é uma das soluções para melhorar a sustentabilidade na cidade. É o que sinalizaram os participantes do painel desta segunda-feira (20/6) do Ciclo de Debates SP 2030, promovido pela Escola do Parlamento da Câmara Municipal de São Paulo, cujo tema foi sustentabilidade.
A desigualdade é um dos motivos que leva a maioria da população da capital paulista a considerar a preservação do meio ambiente ruim ou péssima. De acordo com pesquisa realizada pela Câmara, 51,1% de 2.049 entrevistados em todas as regiões de São Paulo têm essa percepção. “A principal ação para garantir a sustentabilidade é diminuir as desigualdades do ponto de vista territorial, por meio de políticas públicas específicas para cada área. Se for um assentamento, é necessário saneamento, habitação, áreas verdes de equipamentos públicos”, disse a professora de planejamento territorial da UFABC (Universidade Federal do ABC) Luciana Travassos.
Integrante da Rede Nossa São Paulo, Américo Sampaio argumentou que é necessário que toda a população tenha acesso igual a todos os serviços oferecidos. “É fundamental um planejamento sério e de longo prazo que tenha como referência a garantia de que todos tenham acesso à serviços básicos, o fortalecimento das subprefeituras e maior poder aos movimentos sociais e associações de bairro para reduzir essa desigualdade”, disse.
A pesquisadora da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Fernanda Meirelles comentou a importância do saneamento básico nesse processo. “As pessoas estão mais preocupadas com a coleta do esgoto. Mas precisamos saber de que forma é feito o tratamento dos resíduos e a qualidade da água que é devolvida para a sociedade”, argumentou.
O vereador Ricardo Young (Rede) defendeu a mudança de atitude do poder público para se reduzir as desigualdades. “É necessário de pensar em políticas de forma integrada. O interesse econômico conduz toda qualidade de vida da população e enquanto tiver essas negociações não vamos conseguir ter uma sociedade sustentável. Podemos ver a questão da habitação, antes se pensa no terreno mais barato, economicamente. Sendo que deveria se pensar socialmente”, comentou.
O diretor-presidente da Escola do Parlamento, Christy Ganzert Pato, gostou do debate. “Pudemos desmontar um pouco a ideia de que sustentabilidade está ligada apenas a ideia de separar o lixo corretamente. A sustentabilidade é um conflito complexo e envolve pensar em todas as áreas de forma sistêmica e que a participação social faz parte do processo”, disse.