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Sustentabilidade: Projeto de shopping vai além do telhado verde

Por: RAFAEL CARNEIRO DA CUNHA - DA REDAÇÃO

17 de maio de 2015 - 08:14

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Um belo dia, a funcionária da limpeza Tatiana Faria chegou a sua casa com dois pés de alface dentro de uma pequena sacola, surpreendendo os filhos e o marido, afinal, ela não havia passado no supermercado. Rapidamente, explicou a origem das hortaliças: o telhado do local onde trabalha. Tatiana faz parte da primeira e da última etapa de um projeto sustentável desenvolvido pelo shopping Eldorado, na zona oeste da capital paulista.

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telhado-2

Superintendente Sérgio Nagai, responsável pelo projeto

Surgido em 2012, o projeto tem como objetivo dar um destino ecologicamente correto aos cerca de 400 quilos de alimentos jogados diariamente no lixo das praças de alimentação do shopping. Lá, ao invés dos clientes levarem suas bandejas até a lixeira, são funcionários da limpeza, como Tatiana, que as recolhem. Eles levam os dejetos até as ilhas de separação, onde o lixo orgânico é selecionado e encaminhado logo em seguida para uma unidade de tratamento dentro do próprio estabelecimento comercial.

horta

Arte: Erica Mansberger / CMSP

De acordo com Sérgio Nagai, superintendente do Eldorado, há três anos foi verificado que era preciso aumentar a quantidade de lixo reciclado. “Um dos pontos que a gente mais identificou naquela época foi a contaminação desse lixo reciclável pelo lixo orgânico. Então, nós começamos um uma campanha para separá-los. A gente também tinha no nosso projeto o objetivo de reduzir a quantidade de resíduos mandada para o aterro sanitário e aí estudamos um processo para fazer a compostagem desse lixo.”

A compostagem dos restos de comida gerados nas praças de alimentação é feita em uma pequena usina de tratamento no interior do shopping e nela são utilizadas enzimas para a aceleração do processo. Primeiro, os alimentos são colocados em uma balança. Quando o peso total chega a 100 kg, eles vão para a máquina de triagem e em seguida para o misturador. Nessa etapa, há a adição de pó de serra, a fim de ajudar a secar a mistura e não liberar líquido, causador de mau-cheiro.  Com isso, 100 kg originais são reduzidos a 40 kg. No misturador estão as enzimas e dele é gerado um composto orgânico (adubo).

Em seguida, ele é colocado em caixas plásticas e descansa por no máximo dois dias. Finalizada essa etapa, as caixas são levadas para uma área de 2000 metros quadrados no teto do shopping, onde são plantados legumes, frutas e verduras, como jiló, berinjela, alface, tomate, abóbora, morango, entre outros; temperos, como manjericão; plantas, como lavanda e gazânia; e ervas medicinais, como hortelã, capim-cidreira, erva doce, malva e boldo. Segundo Nagai, mais de 4000 pés de alface, por exemplo, já foram plantados.

Funcionária Tatiana Faria separando o lixo orgânico, que irá se transformar em adubo

Funcionária Tatiana Faria separando o lixo orgânico, que irá se transformar em adubo

Dois funcionários cuidam da horta e, somados aos dois que trabalham na compostagem, o projeto conta ao todo com quatro funcionários. Tanto eles, como os que trabalham praça de alimentação, receberam uma formação junto à empresa Bioideias, desenvolvedora das enzimas utilizadas no processo.

De acordo com Nagai, atualmente está em teste o plantio de uma abóbora chamada “brasileirinha”, que é produzida pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). “Hoje, tudo o que é produzido ali, os funcionários do shopping podem levar para casa. Fecha-se assim um ciclo sustentável”, ressalta o superintendente.

Confira matéria da revista Apartes: Prédios Vivos

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