O Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) teve mais uma ‘prova de fogo’ na Câmara Municipal de São Paulo. Depois de capturar “dois terroristas“ em junho, um novo simulado, nesta quinta-feira (27/7), teve cenário parecido, mas potencialmente ainda mais perigoso. Novamente dois suspeitos invadem o Palácio Anchieta, sede do Legislativo Paulistano, com a única intenção de causar terror. A diferença é que nenhum deles quer se entregar e a polícia tem de agir ainda mais rápido.
Armados com fuzis, os homens iniciam disparos contra todos que encontram pelo caminho. Em certo momento, os criminosos se separam e permanecem escondidos no prédio. É nessa hora que os agentes da tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo entram em cena.
A ação é rápida e certeira. Como resultado, os dois terroristas são mortos e os feridos recebem os primeiros atendimentos em segurança, sob ampla escolta das forças especiais.
Mesmo ciente da simulação, a funcionária da Ouvidoria da Câmara Municipal de São Paulo Eliete Andreoli confessou que ficou bastante assustada com a movimentação.
“O impacto é forte e o barulho [dos tiros] foi assustador. Sem falar em todo aquele pessoal correndo por aqui. Eu nunca tinha presenciado nada assim e foi realmente impactante. Além disso, a ação dos policiais foi fantástica”.
O objetivo do Teste de Protocolo de Atuação em Prédios Públicos é servir de base para eventuais operações em edifícios com o mesmo perfil. Outro ponto importante do simulado é o entrosamento das equipes da PM, do Samu e da Guarda Civil Metropolitana, todos em ação conjunta, como ressaltou o chefe da operação do Gate, Wellington Reis.
“Desde o primeiro simulado, o objetivo era integrar as equipes. A gente busca trabalhar detalhes e identificar erros. E a cada treinamento melhoramos um ponto, que vai refletir em um resultado superior”, explicou o capitão.
De acordo com Reis, pequenos ajustes feitos nos treinamentos podem fazer a diferença entre a vida e a morte das vítimas. “Algo simples [no começo] pode interferir no final. Poucos segundos [numa tomada de decisão] representam salvar uma pessoa ou não”, concluiu.
Na mesma linha, a coordenadora-geral do Samu de Diadema (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), Simone Ogoshi, disse que repetir a operação é fundamental para o aprimoramento dos trabalhos e da integração das forças.
“E isso tem acontecido. A gente realizou esse trabalho com dois grupos, em dois andares diferentes, e foi muito interessante. Agora a gente senta para discutir [o protocolo], mas já pudemos avaliar mudanças e melhoras, tanto na rapidez como na eficiência do atendimento”.
O subtenente Adilson Santos de Brito, integrante da Assessoria Militar da Câmara de São Paulo, também reforçou a importância do simulado, principalmente num prédio público como o do Legislativo Paulistano.
“São mais ou menos 4 mil pessoas circulando diariamente aqui na Câmara, além dos 55 vereadores. Então, o intuito é realmente estarmos preparados para esse tipo de ocorrência. O objetivo foi atingido e o Gate realizou um exercício importante e muito bem executado”, avaliou Brito.
O subcomandante da inspetoria da Guarda Civil Metropolitana na Câmara (GCM), Paulo José Barbosa, também aprovou o treinamento.
“A GCM, como um órgão de segurança da Casa, tem por dever estar totalmente integrada às atividades compartilhadas com a Polícia Militar em situações de crise. Por isso é fundamental que todos os envolvidos estejam sintonizados em um treinamento que capacita esses agentes não só na proteção das pessoas como do próprio patrimônio”.
A operação de treinamento simulado nesta quinta-feira durou cerca de 2 horas e envolveu 25 agentes operacionais do Gate, dez médicos e paramédicos do Samu, além de duas ambulâncias, quatro viaturas e um micro-ônibus.