Cada ônibus que realiza o transporte coletivo por fretamento retira 19 automóveis das ruas. Se o serviço for regulamentado, incentivado e organizado esse número pode subir para 40. As informações são do diretor executivo do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros por Fretamento para Turismo de São Paulo (Transfretur), Jorge Miguel dos Santos, e foi dada aos integrantes da Comissão de Trânsito, Transporte e Turismo da Câmara Municipal durante reunião realizada nesta quinta-feira (30/04). Além da retirada dos carros de passeio das ruas e contribuir para o meio ambiente, a utilização dos ônibus por fretamento traz outro benefício: conforto aos usuários e para a qualidade de vida, segundo o diretor do Transfretur. De acordo com a pesquisa do Instituto LPM, das 500 pessoas entrevistadas, 97% acreditam que com o fretado a viagem é menos cansativa e 95% citaram que é mais confortável.
"Cansadas do dia-a-dia estressante, as pessoas buscam mais conforto e ônibus de fretamento oferece isso, que se traduz no final em qualidade de vida. As pessoas podem dormir, ler ou mesmo antecipar seu trabalho já que muitas carregam seu notebook. Quem dirige seu próprio carro não pode fazer nada disso”, destacou Santos.
O estudo aponta que 59% dos passageiros moram em São Paulo e que 41% têm moradia fixa fora do município. O percentual ressalta como o serviço de fretamento oriundo de outros municípios contribui para trazer a mão-de-obra para as empresas e escritórios espalhados na região metropolitana. "Se não fosse o fretamento, essas pessoas teriam que combinar diversos modos de transporte, como ônibus, metrô e trens, para chegar ao seu destino, o que, no entanto, seria mais exaustivo, demorado e reduziria produtividade no trabalho", descreveu.
Segundo Santos, na Região Metropolitana de São Paulo são realizadas 513.591 viagens pelos ônibus fretados; são 5.450 veículos registrados no DTP; existem 621 empresas, com uma média de 9 veículos. O fretado gera 8.175 empregos diretos e 3.950 indiretos e atende mais de 2.500 na RMSP.
“Só na Avenida Paulista circulam, por dia, 250 ônibus de fretamento que substituem 4.750 automóveis e, com isso, São Paulo deixa de gastar R$ 33,8 milhões por ano”, disse. Além disso, “a restrição da circulação de ônibus por fretamento, nas principais avenidas da cidade, prioriza o transporte individual numa região que já detém trânsito caótico. Pesquisa do Instituto LPM indica que cada fretado tira 19 carros das ruas.“O que deve ser entendido é que a modalidade de fretamento é um aliado para inibir os congestionamentos nos centros urbanos”, disse Santos.
De acordo com o representante do Transfretur, o transporte contínuo por fretamento precisa ser organizado e até incentivado pelo governo. “É uma atividade que cresceu bastante e acaba provocando algumas problemas, que nós estamos dispostos a discutir e resolver. Mas é preciso a participação do Poder Público”, comentou Santos, que lamentou a inexistência de pontos de paradas e de estacionamentos para os ônibus de fretamento.
Segundo o diretor do Transfretur "a maior dificuldade é a circulação, como qualquer tipo de transporte, a falta de paradas. Não podemos nem parar para desembarcar os passageiros. Ou seja, o fretamento que transporta 530 mil pessoas não pode parar para desembarcar”.
Substitutivo
Ao comentar o Projeto de Lei 530/08, de autoria do secretário do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, que visa a redução de gases poluentes em 30% até 2.012, o vereador Antonio Goulart (PMDB) disse que inicialmente “o projeto propôs a criação de bolsões de estacionamento para os ônibus de fretamento ao longo das linhas do metrô e da ferrovia. Isso mostra que o projeto foi elaborado por quem desconhecia a problemática do transporte por fretamento da cidade”.
Na opinião do vereador, “há a necessidade de incentivar esse tipo de transporte, fazendo com que a Prefeitura crie normas e estrutura que possam incentivar esse tipo de transporte que permite a retirada de até 40 carros das ruas para cada ônibus em circulação e retirar os carros das ruas”.
Por isso, Goulart apresentou um substitutivo, modificando o texto da Alínea e do inciso II do Artigo 6º e excluindo o Artigo 47º. “As autoridades tem de procurar o empreendedor, procurar o que posso fazer para ser útil para ajudar à cidade.e não criar problema. E cada vez que a Prefeitura intervêm, vem para atrapalhar”, ressaltou o parlamentar.
No projeto original, o texto da Alínea e diz: “regulamentar a circulação, parada e estacionamento ao longo do sistema metrô-ferroviário”. Em sua proposta, o vereador altera para: “e) regulamentar a circulação, parada e estacionamento de ônibus fretados, bem como criar bolsões de estacionamento para este modal, a fim de incentivar a utilização desse transporte coletivo em detrimento ao transporte individual”.
Já a vereador Marta Costa (DEM) propôs a criação de uma subcomissão para tratar do caso dos ônibus fretados da cidade.
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