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Vereador relata torturas sofridas a partir de 1970

12 de julho de 2012 - 20:05

RenattodSousa
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O vereador Gilberto Natalini (PV), ouvido nesta quinta-feira pela Comissão da Verdade Municipal, disse que as lembranças do período da ditadura ainda trazem muito sofrimento e que até hoje convive com sequelas das torturas sofridas quando foi preso.

Natural do Rio de Janeiro, Natalini mudou-se para São Paulo para estudar na Escola Paulista de Medicina, em 1970, quando tinha 16 anos. Na universidade, o vereador passou a fazer parte de um grupo de estudantes e a distribuir um jornal durante as madrugadas. O parlamentar também tinha ligação com outros jovens que produziam publicações pró-democracia, e cedia um armário na casa de seu avô para guardar o material — motivo que o levou pela primeira vez à prisão.

“No começo não sabia o motivo de estar sendo levado para o DOI-Codi, mas ao chegar no local os militares revelaram que um cidadão do Mato Grosso foi pego com um jornal que defendia a democracia e, após ser torturado, acabou dizendo que fui eu quem tinha lhe dado a publicação”, contou.

No período em que esteve preso, conforme relembrou, foi obrigado a ficar nu sobre latas de alumínio, com fios ligados ao seu corpo para conduzir eletricidade. Simultaneamente às sessões de choque, Natalini também apanhava com um cipó.

“Nunca mais me esqueci deste dia, os soldados ficavam todos olhando”, disse, informando que as agressões eram comandadas pelo coronel Brilhante Ustra com o intuito de que ele e outros dois colegas, entre eles Paulo Horta, revelassem os autores da publicação pró-democracia. “A irmã do Paulo Horta, a Cida, era a responsável pelo material, mas não a denunciamos”.

“Além de nos torturarem, os militares bateram na mulher de Paulo Horta até que ela abortasse o filho que estava esperando. Eles sempre torturavam os familiares uns na frente dos outros para que as pessoas revelassem o que queriam”, relatou o vereador.

A identidade de Cida Horta só foi revelada quando Natalini foi comunicado por um informante que ela havia se mudado para outro país. “Ainda assim fomos torturados por mais um mês porque os militares não encontraram a Cida a tempo de prendê-la”, disse.

“Ainda fui preso muitas outras vezes porque sempre participei e organizei movimentos em defesa da liberdade e dignidade das pessoas”, finalizou o vereador.

(12/7/2012 – 20h06)

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