Após diligência feita na manhã desta quinta-feira (1/9), os vereadores que compõem a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Poluição Petroquímica se reuniram no Plenário 1° de Maio da Câmara Municipal de São Paulo no período da tarde. Os parlamentares fizeram relatos pessoais do que vivenciaram na região do Polo Petroquímico, localizado próximo a zona leste da capital paulista, e compartilharam depoimentos da população que mora nos arredores do complexo industrial.
De acordo com o presidente da CPI, o vereador Alessandro Guedes (PT), a visita de hoje marca uma etapa importante no trabalho da Comissão. “Pudemos sentir na pele o que aquele povo sofre”. Guedes disse que notou sintomas depois que deixou a região. “Fiquei com a garganta irritada e com o nariz ardente. Como o nosso corpo não está acostumado, chega lá, se depara com isso (poluição) e acaba tendo aquele choque”.
O parlamentar também contou que presenciou fuligens, paredes de casas sujas de pó e que sentiu mau cheiro. Guedes falou ainda que os membros da Comissão ouviram aproximadamente 30 pessoas que vivem ali nas proximidades do Polo Petroquímico. “A maioria mulheres, que tiveram a oportunidade de relatar problemas crônicos que acontecem principalmente com as crianças. Houve relatos do tipo, ‘olha, quando os meus netos estão aqui ficam doentes e quando voltam para a casa deles ficam bem”.
Outro parlamentar que participou da diligência foi o vereador Professor Toninho Vespoli (PSOL). Além de relatar sintomas como irritação na garganta e no ouvido, ele compartilhou problemas relatados por moradores. “Desde a incidência de nódulo, tireoide e problema pulmonar”.
Vespoli também demonstrou preocupação com a qualidade do Córrego do Oratório, que corta um trecho da zona leste da cidade de São Paulo. Embora tenha reiterado que não é um profissional técnico para avaliar a água, ele cobrou providências da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). “Dá para ver que a cor é totalmente diferente. Tem que pedir para a Sabesp fazer um estudo daquela água, tem alguma contaminação química. Olhando a olho nu, a gente não entende, mas parece que tem”.
A vereadora Sandra Tadeu (UNIÃO) acompanhou os trabalhos da Comissão nesta manhã. Para a parlamentar, é importante saber a quantidade de pessoas atendidas nas unidades de saúde da região do polo e quais são as doenças apresentadas por elas. “Nós observamos que em uma rua só há pessoas com nódulos, tireoidite e com exames extremamente alterados. Além disso, elas não têm um diagnóstico fechado”.
Sandra aproveitou a fala para cobrar da Secretaria Municipal de Saúde mais especialidades médicas aos moradores locais, como endocrinologista e pneumologista, além de maior controle na região. “Para que talvez possamos encontrar outros tipos de doença vinculados ao tipo de poluição que aquela região apresenta”.
Relator da Comissão, o vereador Marcelo Messias (MDB) também observou sintomas após a visita. “Eu não tinha nada no nariz, e estou com coriza agora à tarde. Estou o tempo todo com o nariz escorrendo”. Marcelo trouxe ainda alguns detalhes do que viu na região. “Não deram três horas da nossa visita, e fomos olhar a lente da câmera da pessoa que estava nos acompanhando para fazer fotos. Foi visível a quantidade de grãozinhos pretos na lente, ou seja, aquela poluição está 24 horas prejudicando aquelas famílias”.
Marcelo Messias fez registros sobre o Córrego do Oratório. “Outra coisa que me chamou a atenção foi a quantidade de espuma. Para mim dá para identificar que são produtos químicos caindo na água e que não está tendo o tratamento adequado. Muito preocupante”.
O quinto integrante da CPI, o vereador Xexéu Tripoli (PSDB), também acompanhou a reunião da Comissão desta tarde.
Requerimentos
Com base nas informações coletadas na diligência, a CPI aprovou oito requerimentos na reunião desta tarde. Os documentos solicitam informações à Fundação ABC, organização social de saúde que administra UBSs (Unidades Básicas de Saúde) na região da zona leste, relacionadas à reclamação de moradores sobre a falta de médicos e a demora no agendamento de consultas.
Há, também, entre os requerimentos, pedidos de informação à CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e à Secretaria Municipal de Saúde. Além disso, foram aprovados convites para os secretários ou representantes das pastas de Saúde da capital paulista e do Estado de São Paulo e da Supervisão Técnica de Saúde São Mateus.
Denúncias
É importante ressaltar que a CPI da Poluição Petroquímica tem um canal específico para coletar contribuições e manifestações das pessoas que vivem nos bairros do entorno do complexo industrial que sofrem consequências da poluição, com o objetivo de subsidiar as investigações da Comissão.
A população pode fazer denúncias sobre a poluição, trazer informações sobre questões de saúde dos moradores dos bairros vizinhos e apresentar sugestões para redução da poluição pelo e-mail cpi-poluicaopetroquimica@saopaulo.sp.leg.br ou neste link.
Acesse o vídeo abaixo para ver e rever a reunião da CPI da Poluição Petroquímica desta quinta-feira .
Veja também a galeria de imagens da diligência: