Os principais fatos dos últimos dias entraram na pauta de discussão da Câmara Municipal de São Paulo na Tribuna Livre desta quarta-feira (3/6). Parlamentares retomaram o debate da flexibilização do isolamento social na capital paulista e se posicionaram contra o racismo. Assuntos públicos relacionados à política regional, estadual e nacional também foram abordados durante a sessão.
Flexibilização
A bancada do PT na Casa emitiu uma nota contestando o plano de flexibilização do isolamento social proposto pelos governos municipal e estadual. De acordo com o manifesto lido pelo líder do partido na Câmara, vereador Alfredinho (PT), um dos argumentos para questionar a retomada das atividades é o número crescente de casos e de mortes por Covid-19 na cidade de São Paulo.
“Nós entendemos todas as dificuldades que estão passando os pequenos e os médios comerciantes”, disse Alfredinho, que completou. “É preciso ter coragem, programas e projetos para saber qual é o melhor momento e de que forma retomar o comércio na cidade de São Paulo”.
O texto assinado pelos parlamentares do Partido dos Trabalhadores também ressaltou que não concorda com o retorno gradativo dos trabalhos presenciais na Câmara neste momento. “O PT é completamente contra qualquer medida que coloca em risco a saúde e a vida dos servidores e do público em geral”.
Em relação à opinião contrária para a retomada gradual dos trabalhos presenciais na Câmara, o presidente da Casa, vereador Eduardo Tuma (PSDB), disse que respeita a posição do PT. Entretanto, Tuma explicou que houve entendimento da Mesa Diretora para adotar a medida.
“Eu vi a nota do PT e respeito claramente a posição do Partido dos Trabalhadores. Houve discussão, porque foi um Ato publicado pela Mesa Diretora no Diário Oficial, assim como todo encaminhamento da administração da Câmara Municipal de São Paulo”, disse Tuma.
Eduardo Tuma destacou ainda que o retorno das atividades do Legislativo paulistano no novo formato respeita as normas estabelecidas pelos órgãos de saúde para evitar a contaminação do coronavírus. “A Câmara tomou uma medida consciente, em acordo com o que diz o governo estadual e o governo municipal, com cautela e com todas as precauções de saúde orientadas pelo Ministério da Saúde”.
Outras opiniões sobre a flexibilização
Ainda sobre a flexibilização na cidade de São Paulo, o vereador Souza Santos (Republicanos) considera importante a reabertura parcial da economia. O parlamentar citou a categoria dos camelôs como uma das mais prejudicadas com a crise provocada pela Covid-19.
“Essa preocupação já vem de alguns meses, porque realmente não se pode vender nada. Eles (camelôs) estão passando necessidade, vivendo de cesta básica e precisamos retomar a economia o mais rápido possível”, falou Souza Santos.
Para o vereador Toninho Vespoli (PSOL) esse não é o momento ideal para flexibilizar o isolamento social. Segundo o parlamentar, o retorno parcial dos setores econômicos pode prolongar o pico da doença e aumentar o número de pessoas contaminadas na capital.
“O isolamento é um direito da pessoa. Para isso, o governo precisa abrir o cofre. Os três governos (federal, estadual e municipal). Tem que garantir alimentação para o povo, tem que dar microcrédito para o pequeno e microempresários. São eles que dão emprego para a população”, falou Vespoli.
Vereadores contra o racismo
As manifestações espalhadas ao redor do mundo para protestar contra a morte de George Floyd, de 46, em Minessota, Estados Unidos, também repercutiram na Tribuna Livre. O ex-segurança era negro e morreu após um policial branco sufocar o pescoço dele com o joelho por quase nove minutos. A ação gerou protestos contra o racismo em diversos países e ganhou força nas redes sociais.
O vereador Xexéu Tripoli (PSDB) trouxe o debate para a Câmara. “O que a gente vai fazer aqui no nosso país, na nossa cidade, no nosso bairro, no nosso entorno, nos nossos escritórios, na nossa casa. Como a gente vai mudar nossas atitudes em relação a isso”.
Para o vereador Prof. Claudio Fonseca (CIDADANIA) é preciso lutar contra todos os tipos de preconceito. “Se coloque no lugar, qualquer um, daquele que tem seus direitos suprimidos por cor, por gênero. Impossível não se indignar. Aquela cena americana se repete nos morros do Rio (de Janeiro), se repete nas periferias da cidade de São Paulo”
O vereador José Police Neto (PSD) destacou o Dia Mundial da Bicicleta, comemorado nesta quarta-feira (3/6), e cobrou o governo municipal a cumprir a Lei n° 16.547, que institui o Programa Bike SP. No fim do discurso, Police Neto também se manifestou contra o racismo.
“Eu fui criado por uma carioca chamada Sebastiana Ribeiro, que veio do Rio de Janeiro com 15 anos, e que mora com a minha família até hoje. Ela me ensinou tudo, a começar por amor não tem cor”, disse Police.
A vereadora Soninha Francine (CIDADANIA) discursou sobre vários assuntos. Entre eles, o racismo. “Uma das coisas mais assustadoras é das pessoas que negam a existência de racismo, que não tem racismo no Brasil. A gente precisa ter a certeza, a clareza, a visão e a honestidade de reconhecer que tem racismo”.
Os discursos na íntegra dos vereadores que utilizaram a Tribuna Livre desta quarta-feira estão disponíveis aqui.