Os vereadores Paulo Fiorilo (PT) e Ricardo Nunes (PMDB) integrantes da Comissão de Finanças e Orçamento e da Subcomissão que avalia os impactos econômicos relacionados à população em situação de rua em São Paulo, visitaram na noite desta quarta-feira (30/9) abrigos que acolhem pessoas em situação vulnerável na região central da cidade.
“O objetivo da comissão é ter um diagnóstico de tudo que o município investe e se investe da melhor forma. Até para tentar ter políticas que possam de fato equacionar um problema, que é grave, mas que é limitado. Temos 15 mil moradores em situação de rua, então acho que é possível encontrar saídas”, explicou o vereador Fiorilo.
Entre os locais visitados, a Tenda Mooca, onde os serviços oferecidos pela ONG SAEC foram desativados na manhã desta quarta-feira, e cerda de 40 pessoas que moravam há 6 meses em uma ocupação no entorno do equipamento e foram desalojadas.
Uma das moradoras da ocupação, identificada como Jenifer, contou aos parlamentares que sua família recebeu auxílio aluguel da Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Cidadania e que alguns foram encaminhados para outros equipamentos. “Tiraram todas as nossas coisas daqui com violência. Foram alugados quatro quartos para 14 pessoas. Não acho justo meus amigos que não tem filhos não poderem receber esse auxílio também”, afirmou.
“O que eu quero é um lugar seguro para ficar com meus filhos. Não quero dinheiro, quero trabalhar e ter um lugar descente para morar com minha família”, completou Jenifer que junto ao marido tem 4 filhos e está grávida de dois meses.
Outro local visitado foi o abrigo Centro Comunitário São Martinho de Lima, na região do Belém. O Centro Comunitário que é administrado pela ONG Bompar, recebe diariamente cerca de 250 pessoas, oferecendo alimentação, banheiros e camas/ colchões.
Um funcionário da ONG contou que são oferecidas por noite mais de 350 marmitas, uma média de duas por pessoa. “No começo atendíamos 70 pessoas, agora um local que tem capacidade de 200 está recebendo mais que 250 pessoas”, afirmou.
De acordo com o Padre Júlio Lancelotte, militante em defesa dos direitos dos moradores de rua e autor do convite à comissão, é muito importante que os parlamentares vistoriem os serviços que são oferecidos para que sejam discutidas melhores formas de investimentos.
“Se cada pessoa que está na rua custa R$11 mil por ano só para a Assistência Social e quando junta com a Saúde o custo ainda é maior, recebessem isso diretamente eles saberiam melhor o que fazer do que é feito de maneira institucional”, afirmou padre Julio. “Não devemos domesticar os pobres, não podemos fazer isso. Esses equipamentos e as políticas públicas devem transformar a vida dessas pessoas de forma efetiva”, completou.
Para o vereador Ricardo Nunes é preciso que o relatório da comissão direcione as ações que devem ser tomadas a partir do novo orçamento. “A certeza é que precisamos fazer muita coisa para melhor essa situação, é um valor muito alto investido para atender essa população e precisamos de espaços melhores. Não existe um direcionamento correto, o relatório da comissão deve definir um padrão do que deve ser feito em relação ao custo benefício desses serviços”, disse.
A comissão ainda pretende visitar outros equipamentos e escutar os responsáveis administrativos.