Rodolfo Blancato
Na Vila Mariana, Zona Sul, a preocupação com habitação social e mobilidade urbana marcou a oficina que debateu a revisão do Plano Diretor Estratégico (PDE) neste sábado (22/6). Para incentivar o uso do transporte coletivo, um dos grupos propôs a criação de linhas circulares de ônibus nos bairros da cidade.
Autor da proposta, o administrador de empresas Henrique Calandra diz que a ideia é ter micro-ônibus operados por parcerias público-privadas ligando de graça as partes mais longínquas dos bairros às estações de metrô e corredores de ônibus.
As pessoas às vezes deixam de pegar ônibus, pegar metrô, porque suas casas ficam longe desses lugares, e utilizam o carro. Com isso, as pessoas iriam utilizar muito menos o carro e mais o transporte coletivo, acredita Calandra.
As demais contribuições dos moradores da região, que se reuniram no Colégio Arquidiocesano, versavam principalmente sobre a ampliação das Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) e mais participação popular na formulação de políticas públicas.
Quatro vereadores compareceram ao evento: Dalton Silvano (PV), Floriano Pesaro (PSDB), José Police Neto (PSD) e Nabil Bonduki (PT). Na abertura, Police defendeu que o novo PDE tenha previsão orçamentária e um cronograma de execução, pelo menos para ações prioritárias.
Quando você faz um diálogo ativo com a sociedade, você consegue recepcionar todas as necessidades, todos os desejos da população. Mas nem tudo consegue ser feito ao mesmo tempo, portanto as necessidades têm que ser transformadas em prioridades, afirmou o parlamentar do PSD.
Proibição judicial
A oficina contou com a participação do engenheiro agrônomo Ricardo Oliveira, que em março deste ano foi proibido judicialmente de se manifestar contra um empreendimento imobiliário que está sendo erguido no bairro. Segundo Oliveira, a decisão foi posteriormente confirmada pela segunda instância da Justiça paulista.
A gente não vai poder recorrer ao Supremo Tribunal Federal, apesar de ser um direito garantido na Constituição, porque primeiro será preciso averiguar se eu tenho que pagar uma indenização à empresa. A empresa está pedindo R$ 100 mil em danos morais, contou Oliveira.
Durante o evento, Bonduki manifestou solidariedade ao engenheiro e lamentou que muitos projetos irregulares consigam passar pela burocracia.
A luta dele, do movimento todo, que eu acompanhei, participei, faz parte disso. Não adianta a gente aprovar um Plano Diretor, aprovar o Zoneamento, e não ter depois o acompanhamento dos projetos, não fiscalizar o que é implementado. Senão nós vamos ter um Plano Diretor apenas no papel, afirmou o urbanista.
(26/6/2013 -10h47)