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Vítimas da Ditadura Militar são homenageadas na Câmara

Por: - DA REDAÇÃO

6 de novembro de 2017 - 22:07

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André Bueno/CMSP

Carlos Marighella e Ricardo Zarattini homenageados em ato na Câmara de São Paulo

Carlos Marighella nasceu em Salvador. Era filho de um imigrante italiano operário com uma negra filha de escravos. Talvez pela origem humilde, o interesse pela política veio cedo, materializado no interesse por justiça social.

Com apenas 18 anos ingressou no Partido Comunista e logo aos 21 foi preso, em 1932, por escrever um poema com críticas ao então interventor da Bahia, Juracy Magalhães. O jovem idealista chegou a São Paulo quatro anos depois, quando foi preso pela segunda vez, acusado de subversão.

Começou a vida perseguido por Getúlio Vargas e acabou caçado pela Ditadura Militar como seu inimigo número um, após o Golpe de Estado de 1964. Antes de ser morto, em novembro de 1969, após uma emboscada policial, ainda comandou o sequestro do embaixador americano Charles Elbrick.

A libertação se deu por meio da troca de 15 presos políticos. Entre eles estava Ricardo Zarattini, membro do PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário). Assim como Marighella, o ativismo político dele começou bem cedo. Aos 16 anos participou da campanha “O Petróleo é Nosso”, que resultou na criação da Petrobras. Foi também presidente da UEE (União Estadual dos Estudantes de São Paulo).

Na década de 1980, já no PT, Zarattini lutou pelos direitos dos trabalhadores, se tornou parlamentar em Brasília, e atuou na Assembleia Nacional Constituinte como assessor. Com a saúde debilitada, morreu na capital paulista no mês passado, aos 82 anos.

Essas duas histórias fazem parte do documentário “Olhares da Anistia”, lançado no Recife no último 28 de agosto, data de aniversário dos 38 anos da Lei da Anistia no Brasil.

O filme foi projetado nesta segunda-feira (6/11) na Câmara Municipal de São Paulo. O diretor Cleonildo Cruz acredita que, além de resgatar as biografias de quem sofreu com o Regime Militar, a mensagem principal da obra é a importância de se fazer justiça.

“Para que essa história não se repita mais. Vivemos tempos excepcionais de ruptura institucional. E o documentário aborda a necessidade de que os agentes do Estado que agiram criminalmente torturando, sequestrando e matando sejam responsabilizados”, disse.

O ato, no Salão Nobre, prestou uma homenagem a Marighella e Zarattini. A iniciativa foi do vereador Antonio Donato (PT). O parlamentar criticou o crescimento do discurso de difamação contra personagens perseguidos pelo regime militar.

“Nossa democracia está ameaçada desde o golpe midiático e parlamentar que derrubou a presidenta Dilma. E tentar reescrever a história com a Ditadura Militar sendo uma coisa boa é de fato desconhecer a própria história do País. Nesse contexto, contar a verdadeira versão de pessoas que sacrificaram a vida para lutar por democracia é fundamental. Portanto, documentários e atos como este são absolutamente importantes para que a gente recoloque a história no seu devido lugar”.

As palavras de Donato foram reforçadas pelo advogado Carlos Augusto, filho de Marighella. Ele lembra que a biografia do pai foi maculada pelos militares.

“Fui impedido por eles [militares] de sepultar meu pai, que foi enterrado na calada da noite como indigente. Isso porque ele foi acusado de ser subversivo e perigoso. Um assaltante de bancos e sequestrador que queria entregar o Brasil aos comunistas. Mas hoje, passados tantos anos, ele está mais uma vez sendo homenageado aqui na Câmara, onde já recebeu o título de Cidadão Paulistano post mortem.  Pouco a pouco vai se consolidando a verdade sobre meu pai. Que aquele homem visto como criminoso, na verdade, é um herói de quem a família e a juventude brasileira se orgulham”.

A viúva de Marighella, Clara Charf, também considerou a homenagem digna. “Muito justa. Além disso, ele também foi parlamentar pela Câmara Federal. Acho que a história exige que os parlamentos e as escolas facilitem que o povo reconheça a verdade do País. Então, essa sessão aqui na Câmara, ajuda a difundir aquilo que foi realmente a vida do Marighella, o que ele queria e propunha”, disse.

Já o deputado federal Carlos Zarattini (PT), filho de Ricardo Zarattini, fez um paralelo entre os tempos de juventude de seu pai e o momento atual do País.

“É bom lembrar que todos os chamados ideais daquele golpe de 1964 estão se repetindo agora. E hoje, como ontem, o Brasil está se submetendo a interesses econômicos, entregando seu petróleo, seu minério e suas terras para os poderosos, ao mesmo tempo em que vai ceifando a democracia. Por isso, relembrar a história é fundamental para a gente refletir sobre o quanto é importante lutar para manter a liberdade e recuperar direitos que estão sendo retirados”.

A vereadora petista Juliana Cardoso e o ex-deputado estadual pelo PT de São Paulo Adriano Diogo, integrante da Comissão Nacional da Verdade, também participaram da homenagem.

 

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